
Delegada é indiciada por prevaricação após marido matar gari em BH; empresário usou arma da mulher.
Por g1 Minas — Belo Horizonte – 11/09/2025 18h31 Atualizado há um dia
Fonte G1
A A delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, esposa do empresário Renê Júnior, assassino confesso do gari Laudemir Fernandes, foi indiciada pela Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) por prevaricação.
Pela legislação, prevaricar significa “retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”. O delito está previsto no Código Penal, no capítulo dos crimes praticados por funcionário público contra a administração pública.
“A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que a Corregedoria Geral de Polícia Civil (CGPC) concluiu e enviou para a justiça o inquérito policial, que apurou fatos relacionados à morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, resultando no indiciamento da servidora em decorrência da suposta prática do crime de prevaricação”, informou a instituição.
O empresário, que confessou ter atirado contra o gari, afirmou ter usado a arma da esposa ao praticar o crime. A delegada já tinha sido indiciada pela polícia por porte ilegal de arma de fogo, em razão de estar previsto na lei o ato de “ceder” ou “emprestar”.
Por meio de nota, o advogado da delegada, Leonardo Avelar Guimarães, informou que a cliente está ciente do indiciamento. No entanto, segundo ele, devido ao estado de saúde dela “não foi possível o exercício efetivo do seu direito de defesa no referido inquérito”.
Renê da Silva Nogueira Júnior foi indiciado no dia 29 de agosto pela Polícia Civil por homicídio duplamente qualificado, porte ilegal de arma e ameaça, após a morte do gari Laudemir de Souza Fernandes.
O crime foi registrado no dia 11 de agosto, no bairro Vista Alegre, na Região Oeste de Belo Horizonte, depois que Renê Júnior se irritou no trânsito e atirou contra o gari. Ele está preso preventivamente e confessou o assassinato.

O Crime
O empresário confessou o crime uma semana após a morte do gari Laudemir, durante depoimento no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
PLATAFORMA DE NOTÍCIAS G1
Após se irritar no trânsito devido à presença do caminhão de lixo na rua, Renê da Silva Nogueira Júnior atirou no gari Laudemir de Souza Fernandes, que trabalhava na coleta em Belo Horizonte, e ameaçou a motorista do caminhão de limpeza urbana.
Após ser abordado na academia, o suspeito negou à polícia que tenha cometido o crime. No boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil, no entanto, consta a informação de que ele afirmou que a arma é de sua mulher.
“Relatou que a arma de fogo utilizada no crime estaria em nome de sua esposa”, diz boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil às 17h40 de 11 de agosto. Em entrevista coletiva, a polícia disse investigar que arma foi usada para matar o gari.
O exame de balística confirmou que a arma usada no assassinato do trabalhador era da delegada. O laudo foi produzido pela perícia da Polícia Civil de Minas Gerais. A arma é de uso pessoal dela.
Veja a posição adotada pelo Ministério Público de Minas Gerais
Fonte O Globo: MP explica por que não denunciou delegada mulher de empresário que matou gari em BH.
“O Promotor de Justiça Cláudio Barros, coordenador das Promotorias de Justiça do Tribunal do Júri (Cojur), disse que o Ministério Público requereu o desmembramento do caso da delegada Ana Paula Balbino em relação à acusação contra o marido dela, o empresário Renê Nogueira, assassino confesso do gari Laudemir de Souza, há um mês. Em entrevista coletiva, ele destacou que as penas dos delitos imputados a ela — porte ilegal de arma e prevaricação —, ainda que aumentadas por se tratar de uma agente de segurança pública e somadas, ficariam abaixo do patamar de quatro anos de prisão. Com isso, há margem para que a servidora negocie um Acordo de Não Persecução Penal.

