O Superior Tribunal de Justiça, no informativo n.º 797, decidiu que
O mero comparecimento da vítima em observância ao mandado de intimação expedido pela autoridade policial, sem que seja colhida a manifestação expressa do interesse de representar, não configura representação para fins penais.
As razões invocadas pela Egrégia Corte, in verbis:
A jurisprudência da Terceira Seção desta Corte, na esteira da orientação sedimentada no âmbito do STF, firmou o entendimento de que a representação – nos crimes de ação penal pública condicionada -, prescinde de maiores formalidades, sendo suficiente a demonstração inequívoca de que a vítima tem interesse na persecução penal.
Enquanto condição de procedibilidade para a ação penal pública condicionada, é certo que o comparecimento perante a autoridade policial só pode ser tomado como representação quando é espontâneo, tal como ocorre nos casos em que a vítima registra ocorrência policial ou mesmo comparece espontaneamente ao Instituto Médico Legal para fins de submissão ao respectivo exame médico legal.
Em tais cenários, está implícita a vontade da vítima em dar início à persecução penal.
Por outro lado, quando esse comparecimento não é espontâneo, ou seja, a vítima comparece em observância ao mandado de intimação previamente expedido pela autoridade policial, incumbe àquela autoridade colher a representação, ainda que circunstanciando esse fato no próprio termo de declaração.
No caso, as vítimas só compareceram mediante intimação da autoridade policial, sendo que, nas declarações obtidas, não há manifestação expressa do desejo de representar, circunstâncias que obstam tomar o mero comparecimento como representação para fins penais.
Subentende-se nos argumentos acima despendidos pela excelsa corte que as vítimas não solicitaram o registro de ocorrência policial espontaneamente.
É cediço que, uma vez efetuado o registro de ocorrência policial, dias após, a autoridade policial expede mandado de intimação para a vítima para que seja colhida sua oitiva.
Entendo que nesse caso não se faz a colheita do termo de representação da vítima, pois ela já teria manifestado o seu desejo de persecução penal anteriormente quando compareceu a uma delegacia de polícia, e solicitou o registro de ocorrência policial.