O que é uma EQUIMOSE?
É um fenômeno que resulta de uma AÇÃO CONTUNDENTE.
Decorre do extravasamento de sangue com infiltração hemorrágica nas malhas dos tecidos superficiais ou profundos da pele.
A EQUIMOSE, como dito alhures, surge com o extravasamento do sangue do vaso sanguíneo.
Hodiernamente, a EQUIMOSE recebe a seguinte classificação:
Petéquia
Sugilação
Víbice ou Sufusão
Mancha de Tardieu
Mancha de Paltauf
Máscara Equimótica de Morestin
Bossa ou Hematoma.
Em síntese, como resultado da lesão, o sangue extravasa, provocando uma hemorragia que pode ser vista através de uma lâmina de tecido.
Em regra, esse tecido pode ser a pele. Em alguns casos, surge na PLEURA, no PERICÁRDIO, na APONEUROSE e etc.
A EQUIMOSE tem o aspecto ARROXEADA, com uma coloração VIOLÁCEA.
A EQUIMOSE é temporária, desaparecendo com o decorrer do tempo, variando de acordo com a quantidade de sangue extravasado.
Difere da RUBEFAÇÃO também pelo tempo necessário para desaparecer, por conta da ação dos leucócitos (glóbulos brancos).
Na EQUIMOSE, o seu desaparecimento pode levar dias, a depender da:
quantidade de sangue extravasado
condições físicas da vítima
faixa etária
capacidade circulatório local
quantidade de oxigenação da região e etc!
Na RUBEFAÇÃO, o desaparecimento ocorre com maior brevidade, de 30 a 50 minutos.

A EQUIMOSE ainda recebe a seguinte CLASSIFICAÇÃO:
Superficial ou Profundo
Intra-vitam ou Post-mortem
No local da agressão ou à Distância
Imediata ou Tardia

Para o Médico-Legista Francês Thoinot, no cadáver, não seria propriamente EQUIMOSES, mas FALSAS EQUIMOSES.
As EQUIMOSES podem ser CLASSIFICADAS segundo:
FORMA
LOCALIZAÇÃO e
TONALIDADE.
Vejamos, então!
FORMA
De acordo com a FORMA, como a EQUIMOSE se manifesta na PELE, seu formato, é possível identificar o AGENTE VULNERANTE, ou seja, o tipo de instrumento ou objeto vulnerante que causou a LESÃO.
Quando impossível identificar o AGENTE VULNERANTE (instrumento ou objeto), resta apenas ao Perito-Legista indicar a AÇÃO VULNERANTE que causou a LESÃO, isto é, se É produto de uma AÇÃO CONTUNDENTE, CORTANTE, PERFURO-CORTANTE ou CORTO-CONTUNDENTE.
Explicando melhor!
O Médico-Legista, em respostas aos quesitos formulados pela Autoridade Policial, responderá que a LESÃO é resultado de uma AÇÃO CONTUNDENTE, impossibilitando indicar qual o instrumento ou objeto vulnerante utilizado para lesionar a vítima.
LOCALIZAÇÃO
As EQUIMOSES podem ser SUPERFICIAIS ou PROFUNDAS.
Pode estar presente no LOCAL da AGRESSÃO como DISTANTE.
A LOCALIZAÇÃO da EQUIMOSE oferece ao investigador de polícia a opção de atribuir ao agente o DOLO de sua conduta, valorando-a, no sentido que identificar o crime praticado.
Se a EQUIMOSE foi localizada no pescoço, pequenas e arredondas, sugere ao operador do direito a intenção do agente em esganar a vítima (esganadura).
No mesmo sentido, se EQUIMOSE foi identificada nas áreas genitais da vítima, o que sugere a possível prática de CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL.
Ainda, se a EQUIMOSE foi localizada próxima das narinas e da boca, pode-se pensar em SUFOCAÇÃO DIRETA POR OBSTRUÇÃO DOS ORIFÍCIOS RESPIRATÓRIOS.
As EQUIMOSES A DISTÂNCIA se consubstancia quando a LESÃO ocorre em um local, porém ela aparece em outro.
Por exemplo, lesão no crânio, cujo extravasamento de sangue ocorre na região das pálpebras. Nesse caso, surge o famoso “SINAL DO ZORRO” ou de “GUAXINIM”.
TONALIDADE
A TONALIDADE da EQUIMOSE nos fornece uma ideia de quando ocorreu a lesão. É o tempo transcorrido da lesão. O seu NEXO DE CAUSALIDADE.
A alteração da tonalidade das EQUIMOSES nos assegura o NEXO-TEMPORAL entre o momento em que foi produzida e o exame pericial de corpo de delito de lesão corporal.
Importante observar o
Espectro Equimótico de LeGrand Du Saulle
O quadro abaixo nos dá a noção do NEXO-TEMPORAL.
O TEMPO de GRADAÇÃO da tonalidade da EQUIMOSE pode ser alterado em razão dos fatores abaixo relacionados:
quantidade de sangue extravasado
condições físicas da vítima
faixa etária
capacidade circulatório local
quantidade de oxigenação da região e etc!
A TONALIDADE da EQUIMOSE começa clareando da periferia para o centro. Assim, podemos perceber o centro AZULADO, a sua margem interna mais ESVERDEADA e a sua margem externa AMARELADA.
Essas mudanças de TONALIDADE das EQUIMOSES tem por causa a REDUÇÃO DA HEMOGLOBINA.
No cadáver, EQUIMOSE mantém sua TONALIDADE até o surgimento dos fenômenos putrefativos.
Atenção deve ser dispensada em locais do corpo onde não há EVOLUÇÃO TEMPORAL das EQUIMOSES, por exemplo, nas equimoses conjuntivais, ou seja, na CONJUNTIVA BULBAR (globo ocular).
A foto abaixo ajuda o entendimento:
EVOLUÇÃO DAS EQUIMOSES | DEVERGIE | TOURDES | MODIFICAÇÃO QUÍMICA |
VERMELHO | 1º DIA | RECENTE | DESPREENDIMENTO DA HEMOGLOBINAS DAS HEMÁCIAS E POUCO 02 |
VIOLÁCEO | 1º OU 2º DIA | ||
AZULADO | 3º DIA | 3º ao 6º DIA | HEMOSSIDERINA |
ESVERDEADO | 5 º ou 6º DIA | 7º ao 12º DIA | HEMATOIDINA |
AMARELADO | 7º DIA | 12º ao 17º DIA | HEMATINA |
DESAPARECE | 10º ou 12º DIA | 17º ao 25º DIA |
TIPOS DE EQUIMOSES:
PETÉQUIAS
Derivado de “Pestechis” = peste.
São equimoses puntiformes, do tipo picada de pulga. Também assemelha-se cabeça de alfinete.
Ocorrem em mortes rápidas, em locais onde não há perda de sangue.
Decorrem do aumento da permeabilidade capilar por hipoxia e hipercapnia ou/e hipertensão capilar.
Elas nada mais do que pequenas hemorragias conhecidas por petéquias.
São encontradas nas submucosas (subconjuntivais), subserosas, subepidérmicas etc, isto porque aparecerem por baixo das pleuras (pequena camada de tecido fino que reveste os pulmões e a parede interna do tórax( esta é a pleura parietal), do pericárdio (membrana serosa que envolve externamente o coração), das conjuntivas palpebrais (dobras finas de pele e músculo que cobrem e protegem os olhos), na mucosa da traquéia (é um órgão do sistema respiratório, cilíndrico e tubular que se localiza entre a laringe e os brônquios) e etc
Ocorrem nas hipóteses de Septicemia, viroses, asfixias, doença de coqueluche e etc.
Importante destacar que o seu aparecimento nem sempre é sugestivo de ter ocorrido morte violenta, para fins de investigação policial.
Em outrora, tinha-se o pensamento de que as petéquias era indicativo de morte por asfixia. Hoje, podem surgem em qualquer caso de morte rápida.
Pura lenda!
Na verdade, surgem em qualquer hipótese de aumento da pressão dentro dos vasos, seja empurrando de dentro para fora (compressão) seja de fora puxando para fora (por sucção).
SUGILAÇÃO
Nada mais é do que um conjunto de petéquias em uma área de maior pressão.
Pode ter por causa um “chupão” .
Nos cadáveres, o sangue desce para as partes mais baixas do corpo, provocando pressão para fora, criando, desse modo, SUGILAÇÕES POST MORTEM.
VÍBICES
São na verdade EQUIMOSES LINEARES, paralelas com centro livre.
Ocorre nas hipóteses de LESÃO com INSTRUMENTO CÔNICO. Espécie de LESÃO COM ASSINATURA.
Uma lesão com hemorragia subcutânea em forma de estria.
Exemplo: cassetete.
MANCHAS EQUIMÓTICAS LENTICULARES DE TARDIEU
São também PETÉQIAS, mas maiores.
Assemelha-se a ervilhas, LENTILHAS (daí o seu nome) lentilhas.
São encontradas embaixo das Pleuras do Pericárdio, do Periósteo, do couro cabeludo e etc.
Por Legista francês Tardieu, acreditava-se que o seu surgimento era indicativo de morte por asfixias mecânica por sufocação direta.
Hodiernamente, elas podem surgir em decorrência de qualquer morte por exemplo, por envenenamento, infarto do miocárdio, ou seja, em qualquer situação em que não haja extravasamento de sangue).
MANCHAS SUBPLEURAIS DE PALTAUF
Surgem nas hipóteses de MORTE POR AFOGAMENTO.
As água entram nos alvéolos, provocando o rompimento dos capilares e, consequente hemorragia no interior dos pulmões.
São EQUIMOSES SUBPLEURAIS. São mais extensas que as MANCHAS EQUIMÓTICAS LENTICULARES DE TARDIEU, de contornos irregulares
Importante salientar que se trata de um SINAL PATOGNOMÔNICO, isto é, surge APENAS nos ASFIXIA POR AFOGAMENTO.
No pulmão dos afogados podem ser encontradas PETÉQUIAS e MANCHAS LENTICULARES DE TARDIEU e imprescindivelmente MANCHAS SUBPLEURAIS DE PALTAUF.
Mas outro lado, em caso de MORTE por ELETROPLESSÃO, infarto ou envenenamento, podem ser encontradas PETÉQUIAS e MANCHAS LENTICULARES DE TARDIEU, mas NUNCA, MANCHAS SUBPLEURAIS DE PALTAUF.
Chamo atenção para o fato de o cadáver ter sido encontrado em lago ou mar. Nesse caso, se não houver o SINAL PATOGNOMÔNICO de PALTAUF, a causa morte não será por ASFIXIA POR AFOGAMENTO, mas qualquer outra.
MÁSCARA EQUIMÓTICA DE MORESTIN ou CIANOSE CÉRVICO-FACIAL
Surge nas hipóteses de COMPRESSÃO do TÓRAX, ou seja, SUFOCAÇÃO INDIRETA.
A pressão sobre o tórax impede que o coração receba o sangue que fora enviado para a cabeça e face. O coração fica impossibilitado de fazer o movimento da DIÁSTOLE.
Explicando!
Por conta da COMPRESSÃO DO TÓRAX, coração consegue fazer a SÍNSTOLE, bombeando o sangue para a cabeça e face, mas fica impossibilitado de realizar a DIÁSTOLE, ou seja, não consegue captar o sangue que enviou.
Assim, os vasos sanguíneos cervicais e os faciais permanecem repletos de sangue, provocando o surgimento de coloração AZULADA nessa região (CIANOSE).
Isso se dá pela ausência de oxigênio no sangue, provocando o surgimento de HEMOGLOBINA REDUZIDA
Essa coloração azulada decorre da ausência de oxigênio no sangue. Por conta da pressão nesse local (hipertensão veno-capilar), ocorre extravasamento sanguíneo. Com isso formam-se inúmeras petéquias por toda a extensão da face, formando uma MÁSCARA, por toda a região da face, do pescoço e do terço superior do tórax.
“A sístole e a diástole representam dois momentos importantes no ciclo cardíaco, que é a saída e a entrada de sangue no coração. Elas representam a contração e o relaxamento do coração.
No ciclo cardíaco são produzidos os batimentos, sendo que a primeira batida corresponde à sístole e a segunda marca o início da diástole.”
Fonte: Site “Toda Matéria”
Atenção, caro leitor!
Cuidado em não confundir com a CIANOSE POST-MORTEM!
Quando surge, na região da face, tende a desaparecer com o tempo, em decorrência do escoamento do sangue dos vasos sanguíneos para regiões de maior declive, formado os Livores.
LIVORES nada mais são do que “Manchas esbranquiçadas ou arroxeadas de partes de um cadáver que correspondem a uma falta total de sangue em zonas de declive ou a zonas de acumulação de sangue, respetivamente.”
Na CIANOSE POST-MORTEM não há extravasamento do sangue dos vasos sanguíneos.
Por sua vez, na MÁSCARA EQUIMÓTICA DE MORESTIN ou CIANOSE CÉRVICO-FACIAL há o extravasamento de sangue permanecendo nos tecidos do corpo, infiltrado nas malhas tissulares.
Quando a pessoa sobrevive, o sangue extravasado dos vasos sanguíneos será reabsorvido pelo organismo.
EQUIMOSE CÉRVICO-FACIAL DE “LE DENTU”.
Também conhecido por MÁSCARA EQUIMÓTICA DE MORESTIN ou CIANOSE CÉRVICO-FACIAL.
São sinônimos.
BOSSA SEROSA
Trata-se de uma LESÃO localizada por cima de um osso em que há extravasamento de linfa. .
Por conta da lesão, o OSSO subjacente não permite que o sangue se expanda para baixo, surgindo, portanto, uma SALIÊNCIA na pele.
É o famoso “galo”.
Se o conteúdo da CAVIDADE NEO-FORMADA constituir-se de SORO, LINFA, termos uma BOSSA SEROA.
Se o material que tem é soro, linfa, não é
sangue, nos temos uma bossa serosa.
BOSSA SANGUÍNEA
Nada mais é do que um HEMATOMA que é formado sobre um PLANO ÓSSEO.
Trata-se de uma SALIÊNCIA sobre o plano ósseo.
A BOSSA SANGUÍNEA destaca-se da BOSSA SEROSA pelo conteúdo da coleção. Se se trata de sangue, temos BOSSA SANGUÍNEA.
Caso contrário, se o conteúdo da CAVIDADE NEO-FORMADA constituir-se de SORO, LINFA, termos uma BOSSA SEROA.
HEMATOMA
Hematoma nada mais é do que uma EQUIMOSE.
Por vezes, ocorre o rompimento dos vasos sanguíneos, cujo extravasamento de sangue, nesse local, cria-se uma cavidade.
Essa CAVIDADE NEO-FORMADA constitui-se de uma coleção de sangue acumulado em uma cavidade virtual, segundo Roberto Blanco. Pode ser superficial ou profundo.
Se no local não houver osso subjacente (uma área corporal que não tem osso), resultará na formação de uma coleção de sangue acumulado, ou seja, uma CAVIDADE NEO-FORMADA, ou seja, formada a partir do acúmulo de sangue extravasado em uma cavidade em que antes não existia.
O sangue extravasado foi quem formou essa cavidade, que pode ser superficial ou profunda, motivo pelo qual recebe o nome de Cavidade Neo-formada.
No entanto, se o extravasamento de sangue ocorrer em uma cavidade já existente, como por exemplo, Peritonial, Pleural, Pericárdica, etc., já não se trata mais de HEMATONA, espécie de EQUIMOSE.
Insistindo, para seja considerado HEMATONA, tem que ser criada uma CAVIDADE NEO-FORMADA.
Caso contrário poderá ser uma hipótese de Hemotórax,
Se não for criada uma CAVIDADE NEO-FORMADA, tem-se uma típica EQUIMOSE em que o sangue fica infiltrado, espalhado, nas malhas dos tecidos superficiais ou profundos.
Por outro lado, se o sangue se acumular uma cavidade já existentes, como por exemplo, uma cavidade peritonial, pleural, pericárdica, tem-se uma coleção de sangue formando uma HEMORRAGIA INTERNA.
Ressalta-se que o HEMATONA é visível, diferente da EQUIMOSE.
O HEMATONA não é perceptível a olho nu, ou seja, visivelmente como a EQUIMOSE.
Se for visível externamente, tem-se uma BOSSA, SANGUÍNEA ou SEROSA.
Por isso se diz que o HEMATONA só é visível por EXAME CADAVÉRICO ou CIRURGIA.
SUFUSÃO HEMORRÁGICA
É tipo de EQUIMOSE extensa, que que se espalha pela superfície do corpo humano.
Ocorre quando a vítima é atingida por uma superfície plana e larga .
É possível o seu surgimento quando a vítima sobre o solo.