TRAUMATOLOGIA FORENSE
CONCEITO, CARACTERÍSTICAS e ESPÉCIES
Traumatologia é o estudo dos traumas.
TRAUMA nada mais é do que AÇÃO DE UMA ENERGIA capaz de produzir LESÃO. Logo, uma ENERGIA VULNERANTE. Vulnerar é lesionar.
Essa ENERGIA que fere é chamada de ENERGIA VULNERANTE.
Assim, TRAUMA é a ação da energia vulnerante. Se a energia fere, o resultado dessa energia é a lesão. Assim, LESÃO é o resultado do TRAUMA.
Os TRAUMAS e as LESÕES vão ser estudados na TRAUMATOLOGIA.
Para que o trauma possa transferir essa energia para o corpo deve haver um
objeto que o faça.
OBJETO é qualquer material perceptível aos nossos sentidos, seja ou não manufaturado pelo homem.
Os que foram manufaturados para desempenhar determinado trabalho, função, leva o nome de INSTRUMENTO.
Assim, todo INSTRUMENTO (particularizado) é um OBJETO (amplo), mas nem todo objeto é um INSTRUMENTO.
Os OBJETO e INSTRUMENTO são os meios pelos quais a energia vulnerante
será transferida para o organismo.
Temos, então, OBJETOS e INSRUMENTOS VULNERANTES são os meios pelos quais a ENERGIA VULNERANTE será transferida ao organismo.
FORMAS DE LESÕES a DEPENDER DO MOVIMENTO DO AGENTE VULNERANTE
ATIVA: O agente vulnerante choca-se contra a vítima. Movimenta-se contra a vítima.
PASSIVA: quando a vítima se desloca contra o agente vulnerante. A vítima se choca contra o agente vulnerante.
MISTA: Tanto o agente vulnerante quanto a vítima se chocam, colidem-se. Eles se chocam.
Para entender como ocorre as lesões decorrentes dos agentes vulnerantes de ordem física-mecânica, é necessários atentar para a fórmula abaixo:
Ec é Energia Cinética (energia dos corpos em movimento)
m é massa (do objeto ou instrumento vulnerante)
v é velocidade ao quadrado
Supondo o uso de instrumento (martelo, agente vulnerante) de determinada massa e velocidade, ao atingir o alvo (cabeça de uma pessoa), transfere certa quantidade de energia vulnerante provocando uma lesão. Assim, conforme se aumenta a velocidade empregada para atingir o alvo, maior será a quantidade de energia vulnerante transmitida, causando maior lesão. Ou seja, o mesmo agente vulnerante, a depender da velocidade empregada, a lesão será maior ou menor.
Por outro lado, o resultado será diverso, se a massa do instrumento (agente vulnerante) empregado variar mantendo-se a mesma velocidade. Ou seja, a lesão será tanto menor ou maior a depender da massa do agente vulnerante com a mesma velocidade.
Ainda, para melhor compreendermos a incidência de agentes vulnerantes de ordem física-mecânica, é necessário observar a fórmula:
P (pressão) é o resultado da relação força exercida aplicada sobre a superfície
F é a força aplicada sobre a superfície
A é área ou superfície sobre a qual é aplicada a força.
Como é aplicada em termos práticos a fórmula acima no uso de AGENTES VULNERANTES de ORDEM FÍSICO-MECÂNICA.
Imagine uma determinada força aplicada sobre uma superfície plana. A força será distribuída sobre toda a superfície (sola do sapata), resultando em uma lesão menor, uma ferida contusa, equimose, por exemplo.
No entanto, a mesma força exercida sobre uma superfície pequena, toda ela (força) irá se concentrar sobre esta, resultando em dano maior, in casu, uma lesão perfurante no crânio, por exemplo, podendo causar a morte.
Pela imagem abaixo, percebe-se que a força sobre uma superfície larga, plana, aplicada no pescoço, em caso de estrangulamento, não deixará vestígios.
Se o laço for largo, aplicado sobre o pescoço de uma pessoa, irá distribuir sobre a superfície corporal, não deixando vestígios algum, em regra.
Por outro lado, laço fino, resulta em um SULCO no pescoço, em vestígios.
Em resumo, o surgimento do vestígios irá depender não só da intensidade da força exercida, mas também da superfície larga ou fina sobre a qual a força será exercida.
Agentes vulnerantes
Energia Vulnerantes
Tipo:
1) Energia Física
SUBTIPOS DE ENERGIAS VULNERANTES DE ORDE FÍSICA
1.1) Mecânica – exige o movimento do agente vulnerante, sendo o movimento do agente (ativo, contra o alvo, ex projeto de arma de fogo), da vítima (passiva, vítima que se desloca contra o agente vulnerante) ou de ambos (tanto a vítima e o agente se deslocam um contra o outro, por isso mista). Movimento para que o efeito lesivo ocorra.
1.2) Elétrica
1.3) Térmica
1.4) Sonora
1.5) Barométrica
1.6) Luminosa
1.7) Radiante
2) Química
2.1) Ácidos
2.2) Bases
2.3) Tóxicos
3) Biológica
3.1) Vírus
3.2) Bactérias
3.3) Protozoário
3.4) Vegetais
3.5) Animais
4) Mista
4.1) Físico-química
4.2) Biomecânica
AGENTES VULNERANTES FÍSICO-MECÂNICOS:
Agente Contundentes (não pode ter ponta nem gume, logo só contunde). Possui superfície plana ou romba. Não possui aresta. Não corta, mas rasga. Não perfura, nem corta, mas apenas contunde (rasga a pele, por exemplo). Age sobre um plano com pressão. Lesão em Plano. Predomínio de Pressão.
Agente Perfurantes (tem apenas ponta). Não tem gume. Age com pressão para perfurar. Há predomínio pela pressão.
Agente Cortantes (tem apenas gume, não tem ponta). Há deslizamento sobre a pele. Lesão em linha. Age mais por deslizamento do que por pressão.
“Lesão em Arco de Violino”
Misto (mesclar) pode ser:
1) pérfuro-cortantes (possui ponta e gume, logo perfura e corta)
2) pérfuro-contundentes
3) corto-contundentes
Aspecto da lesão e mecanismo de ação:
Contundente – a lesão tem superfície plana ou romba, daí a lesão é plana (aspecto) e age predominantemente por pressão (mecanismo). A superfície de contato com o alvo é sem aresta ou ponta.
Perfurante – o aspecto da lesão é em ponto, já que tem ponta, mas não tem gume, e o agente age por pressão. A superfície de contato com o alvo é em com uma ponta.
Cortante – a lesão é em linha e o mecanismo de ação é predominantemente por deslizamento, mas também tem um pouco de pressão. A superfície de contato com o alvo é o gume do instrumento cortante.
ATENÇÃO: A lesão não tem aparência de ARCO DE VIOLINO, mas a maneira como o agente vulnerante cortante age, DESLIZANDO, provocando uma LESÃO em LINHA.
ASPETO DA LESÃO |
FORÇA PREDOMINANTE |
AGENTE VULNERANTE |
SUPERFÍCIE DE CONTATO COM O ALVO |
PONTO |
PRESSÃO |
PERFURANTE |
PONTA |
LINHA |
DESLIZAMENTO |
CORTANTE |
GUME |
PLANO |
PRESSÃO |
CONTUNDENTE |
SEM ARESTA OU PONTA |
ASPECTO DA LESÃO |
MECÂNISMO DA AÇÃO – MOVIMENTO – PREDOMÍNIO |
TIPO DE AÇÃO, AGENTE ou INSTRUMENTO |
PLANO |
PRESSÃO |
CONTUNDENTE |
PONTO |
PRESSÃO |
PERFURANTE |
LINHA |
LINHA |
CORTANTE |
LESÕES E MORTE POR AÇÃO CONTUNDENTE
MECÂNISMOS DE AÇÃO
a) PRESSÃO
b) TRAÇÃO
c) TORÇÃO
d) DESLIZAMENTO
LESÕES MAIS COMUNS
FECHADAS |
ABERTAS |
RUBEFAÇÃO |
ESCORIAÇÃO |
EQUIMOSE |
FERIDA CONTUSA |
BOSSA |
FRATURA EXPOSTA |
HEMATONA |
AMPUTAÇÃO |
ENTORSE, LUCHAÇÃO |
MUTILAÇÃO |
FRATURA FECHADA |
ESMAGAMENTO |
LESÕES e MORTE por AÇÕES CONTUNDENTES.
Nada impede que um INSTRUMENTO CORTANTE ou PÉRFURO-CORTANTE, como a faca, produza uma AÇÃO CONTUNDENTE, desde que o uso ocorra com o cabo, mas isso não o torna (faca, por exemplo, instrumento pérfuro-cortante de um gume) um INSTRUMENTO CONTUNDENTE, permanecendo um INSTRUMENTO PÉRFURO-CORTANTE.